Período Tokugawa (1603~1868)

          Dois anos após transmitir o xogunato a seu filho, Ieyassu retirou-se para Sunpu (Shizuoka), e, antes de morrer, testemunhou o aniquilamento dos descendentes de Hideyoshi em Osaka (1615). Após um período de grandes turbulências, Ieyassu inaugurou um regime feudal poderoso, e deu ao Japão uma constituição política e social que foi mantida até 1868. De acordo com esta constituição, o Imperador era de fato mestre de todo o território, subordinando o próprio Xogun sob sua investidura. Porém esta investidura era uma mera ficção. Sendo o ofício de Xogun  hereditário, o seu titular possuía poder efetivo e dispunha à sua vontade a terra e mesmo os postos da corte imperial.

          Socialmente o Japão estava dividido em oito classes hereditárias e fechadas: kuge (nobres da corte), daimyo, hatamoto, samurai, trabalhadores, artesãos, mercadores e eta (espécie de pária). Apenas as primeiras quatro, assim chamadas classes privilegiadas, tinham direito de carregar armas. Antes de morrer, Ieyassu havia assegurado o poder da sua família. Seus sucessores imediatos, Hidetaka (1605~1622) e Iemitsu (1623~1651) continuaram o seu trabalho e tornaram mais pesado o jugo de ferro que havia imposto sobre o seu país. Hidetaka proibiu todos os japoneses sob severas penas a deixarem a sua terra, e foi ele quem interrompeu as relações com os estrangeiros, exceto holandeses, chineses e coreanos. Iemitsu fechou completamente o país ao comércio estrangeiro, proibiu a construção de embarcações que permitissem longas viagens (1636), ordenou matar os embaixadores que vieram de Macau para solicitar a liberdade de viajar (1640), restringiu à Ilha de Dejima (Nagasaki) os holandeses que tinham autorização de manter relações comerciais com os japoneses e aprovou a lei que exigia que os daimyo residissem uma parte do tempo em Edo, e uma parte nas suas terras, quando eram obrigados a deixarem seus filhos e esposas na capital como reféns. Ietsugu, Tsunayoshi, Ienobu, Yoshimune, Ieshige, Iehara (1651~1786) simplesmente continuaram a política dos seus predecessores, isto é, o fechamento do país ao mundo exterior, perseguição feroz contra os Cristãos, policiamento rigoroso das atividades dos daimyos e samurais, espionagem à Corte de Kyoto, leis draconianas contra a imprensa, ensino, confucionismo, etc., tais eram os princípios do governo de Xogun. Entrementes sob a administração de Ienara (1786~1837) os poderes estrangeiros começaram a buscar um contato com o Japão; porém todos os seus avanços foram reprimidos, e o país permaneceu mais fechado que nunca. Com a idade de 45 anos Ieyoshi sucedeu seu pai (1837~1853). Cada ano os galeões estrangeiros apareciam em número cada vez maior à vista da costa japonesa, porém foram dadas ordens para disparar contra qualquer um que se aproximasse da terra firme. Noasuke Ii, que era então ministro confiou a defesa do país a Nariaki Tokugawa, Príncipe de Meto (1852), e o Imperador ordenou orações públicas nos templos Budistas e Xintoístas. Finalmente em 8 de julho de 1853, uma frota dos Estados Unidos desceu a âncora na Baía de Uraga. O Almirante Perry, que a comandava enviou ao Xogun (14 de julho) uma mensagem do Presidente Fillmore, propondo relação amistosa e um tratado de comércio com o Japão. Ele retornou dia 12 de fevereiro de 1854 e, após longas reuniões, o Bakufu (governo do Xogun) assinou um tratado provisório que abriu os portos de Shimoda e Hakodate aos galeões americanos (31 de março de 1854). Townsend Harris, enviado como ministro plenipotenciário chegou a Shimoda em agosto de 1856 e concluiu o tratado definitivo (28 de julho de 1858) com o Xogun Iesada (1853~1858), que morreu logo a seguir. O seu sucessor Iemochi (1858~1866) assinou semelhante tratado com Holanda (Donker Curtis, 19 de agosto de 1858), Rússia (Poutiatiine, 10 de agosto), Inglaterra  (Lorde Elgin, 27 de agosto) e França (Baron Gros, 9 de outubro). Estes tratados abriram para o comércio exterior os portos de Hakodate, Yokohama, Nagasaki, Niigata e Kobe, e as cidades de Edo e Osaka. Entretanto as notícias de que o Xogun havia concluído estes tratados com as potências exteriores causaram uma profunda sensação na corte de Kyoto. A opinião pública também se manifestou contrária à abertura do país. O Primeiro Ministro do Xogun Noasuke Ii Kamon no Kami foi assassinado em 21 de março de 1860 e complôs contra os estrangeiros se multiplicaram. O Bakufu determinou enviar uma embaixada às potências para rogar para que suspendessem os tratados (2 de janeiro de 1862). Entrementes o Imperador confiara a proteção de Kyoto a daimyo de Tosa em Satsuma e proibira o Xogun a vir à capital. O Xogun se comprometeu a enfrentar os estrangeiros dentro de um mês. No dia fixado pelo imperador, Motonori Mori, daimyo de Chosa, abriu fogo contra um galeão americano que passava pelo estreito de Shimonoseki, e, num período de alguns dias, vários navios franceses e holandeses receberam o mesmo tratamento. A esquadra francesa sob o comando de Almirante Jaurès, bombardeou o forte de Shimonoseki (15 de julho de 1863), e a Inglaterra enviou o Almirante Kuper para bombardear a cidade de Kagoshima (15 de agosto de 1863). No ano seguinte (7 de setembro de 1864), a frota combinada da França, Inglaterra e Holanda destruíram todos os fortes e armazéns militares de Shimonoseki. O poder do Xogun estava abalado. Nagato e Satsuma juntaram suas forças contra ele. Em julho de 1866, o Xogun começou as hostilidades, mas as suas forças foram derrotadas. Logo depois, morreria repentinamente em Osaka. A sua morte foi seguida quase que de imediato pela morte do Imperador Komei (13 de fevereiro de 1867). Hitotsubashi sucedeu Iemochi e recebeu o nome de Keiki. Era o décimo quinto e último Xogun Tokugawa. Amedrontado e desanimado com a tarefa que o confrontava, se resignou em 15 de outubro de 1867 e o xogunato foi suprimido em 5 de janeiro de 1868. Os adeptos do Xogun se revoltaram e tencionaram restaurar a sua autoridade, mas as suas tropas foram irremediavelmente derrotadas pelo exército imperial. Após brilhante defesa, Enomoto capitulou em Hakodate em 27 de julho de 1869. Era o fim da guerra civil. A restauração imperial era um fato consumado.

        Esta é, pois a segunda transformação marcante da história japonesa e a conclusão da formação do povo japonês e das suas idiossincrasias: em primeiro lugar – a língua, o ambiente, a economia e a cultura. O desmoronamento de um regime classista, rígido e fechado, dando lugar a princípio de uma democracia ainda que imperfeita; em segundo lugar – a ascensão do Japão de um país totalmente voltado para si a uma nação de destaque e influência internacionais, tomando parte ativa na História mundial.
RESTAURAÇÃO IMPERIAL (1868~1905)

         Ao ascender ao trono, o Imperador Meiji transferiu o assento do seu governo a Edo, que recebeu o nome de Tóquio (capital do leste) e escolhida como capital do império.

   Todo o sistema governamental foi completamente reformulado. No passado copiaram a China e agora imitavam a Europa. Especialistas estrangeiros, engenheiros, soldados, marinheiros, professores, sacerdotes, homens de negócio, banqueiros, etc. foram convocados e graças às suas cooperações, todos os ramos de serviços receberam uma organização similar àquela estabelecida entre as nações européias. Os acontecimentos principais deste período podem ser resumidos conforme seguem:

Em 1868, abolição do xogunato e restauração da autoridade imperial;

1869 - Edo se tornou a capital do império com o nome de Tóquio; fim da resistência dos partidários de Xogun;

1871 - Abolição dos domínios de daimyo e divisão do Japão em departamentos (Províncias);

1872 - Lei estabelecendo recrutamento militar; primeira Exposição Nacional em Tóquio;

1873 - Adoção do calendário gregoriano; abolição dos editos de perseguição contra o Cristianismo; criação de escolas primárias;

1874 - Insurreição de Saga; expedição à Formosa;

1875 - Japão cede à Rússia seus direitos sobre as Ilhas de Sakhalin (Karafuto);

1876 - Tratado com a Coréia; samurai proibido de carregar as duas espadas; motim de Kumamoto (Higo) e Hagi (Nagato);

1877 - Insurreição de Satsuma; ingresso do Japão na União Postal Universal;

1879 - Adesão à União Telegráfica Internacional;

1880 - Criação de Assembléias Provisórias;

1881 - Compromisso de elaborar a nova constituição para 1890; organização dos partidos políticos;

1883 - Primeiras ferrovias; criação de jornal oficial (Kampo);

1884 - Criação de cinco títulos de nobreza: Ko, Ko, Haku, Shi, Dan (Duque, Marquês, Conde, Visconde, Barão);

1885 - Estabelecimento de Conselho de Ministros (Naikaku); fundação da Companhia de Navegação Yusen Kaisha; Tratado de Tien-tsin com a China;

1888 - Criação de Conselho Privado (Sumit-Suin);

1889 - Promulgação da Constituição; proibição de duelos;

1890 - Primeira sessão de Parlamento; fundação de uma Academia (Tokyo Gakushikai-in);

1891 - Conspiração de Sanzo Tsuda contra Czar Nicolas III;

1894 - Guerra com a China;

1895 - Tratado de Shimonoseki, 18 de abril, ratificado em Che-fu em 8 de maio; intervenção da Rússia, França, Alemanha; saída da península Liao-tung; a China cede Formosa e os Pescadores, paga indenização de 200000000 taels e abre vários portos ao comércio japonês;

1896 - Código Civil e Comercial em operação;

1897 - Adoção de padrão ouro;

1899 - Tratados concluídos com as Potências colocados em efeito; supressão da jurisdição consular; liberdade garantida aos estrangeiros para viajar e se fixar no país, mas o direito de posse de imóvel privado lhes é negado;

1900 - Promulgação da lei relativa às sociedades cooperativas; cooperação do Japão na supressão dos Boxers;

1902 - Tratado de aliança com a Inglaterra (12 de agosto);

1904 - Guerra com a Rússia (8 de fevereiro);

1905 - Novo tratado de aliança com a Inglaterra (12 de agosto); Paz de Portsmouth, problemas e agitações em Tokyo nesta ocasião: queima de delegacias policiais e dez igrejas Cristãs; pelo Tratado de Portsmouth, a Rússia cedia ao Japão a parte sul das ilhas Sakhalin e ilhas adjacentes; o arrendamento de Porto Artur, Talien Wan, e territórios adjacentes, e a ferrovia entre Cheng-chun e Porto Artur, com seus ramais. É reconhecida ao mesmo tempo a antecipação da proteção do Japão sobre a Coréia; tratado com a China;

1907 - Tratado com a França (junho); deposição do Rei da Coréia (8 de julho); Coréia colocada sob a proteção do Japão; um secretário geral enviado pela administração governamental japonesa para os negócios do país; acordo com a Rússia (30 de julho); problemas com os EUA;

1908 - Esquadrão americano visita o Japão.

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A História do Japão 3

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